Hoje abri o relicário onde guardo as lembranças de meu pai. Faço isso com o devido acatamento e respeito, pois a sensação que tenho é nitidamente a de "invasão de privacidade". Mas hoje vasculhei os seus pertences com a intenção de buscar informações (as poucas que restaram) sobre sua poesia. E essa permissão me foi dada!
Estando para trabalhar Literatura de Cordel nas Oficinas Literárias, terei orgulho em dizer: Meu pai foi um dos primeiros cordelistas que apareceram por estas bandas!
Inácio Ramalho Xavier - Cordelista/Repentista |
INACIO RAMALHO XAVIER (1922-1995)
Atraídos pelo “Ciclo do
Café” uma parte da família Ramalho deixou o sertão nordestino e desembarcou no
Estado do Paraná em 1950. Tendo passado inicialmente por Mandaguari e Nova
Esperança, radicaram-se em Maringá no início de janeiro de 1957.
Inácio Ramalho Xavier, patriarca de uma dessas famílias de migrantes era paraibano, natural de Patos (PB), nascido em 02/07/1922. Orgulhoso da cultura nordestina, era hábil cordelista e por suas mãos chegaram ao Paraná e especialmente em Maringá, os primeiros exemplares da Poesia Popular de sua terra, a famosa Literatura de Cordel.
Inácio Ramalho Xavier, patriarca de uma dessas famílias de migrantes era paraibano, natural de Patos (PB), nascido em 02/07/1922. Orgulhoso da cultura nordestina, era hábil cordelista e por suas mãos chegaram ao Paraná e especialmente em Maringá, os primeiros exemplares da Poesia Popular de sua terra, a famosa Literatura de Cordel.
Mas seu forte mesmo eram os “repentes”, poesias de improviso feitas na oralidade, após receber da plateia um tema que era desenvolvido na hora. Onde estivesse em Maringá, era comum receber sugestões de temas para compor seus repentes.
Por várias vezes foi convidado pelo Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá para falar aos alunos daquele curso sobre Cultura Popular Nordestina e ao mesmo tempo ser desafiado pelos alunos com motes os mais variados possíveis. Possuía acentuada veia humorística e nessas ocasiões, através de seus versos arrancava da plateia gargalhadas e aplausos.
Lia muitos autores da poesia brasileira e admirava bons poetas. Era fã de Casimiro de Abreu e em Maringá elogiava a obra de Ary de Lima, que recebeu dele em versos a seguinte homenagem:
“Professor
Ary de Lima
Quando
leio um verso seu
Bom
Português, boa rima
Ao
público se ofereceu.
Parece
matéria prima
De
Casimiro de Abreu.”
Politizado
e autodidata, Inácio Ramalho Xavier acompanhava a política nacional e
participava da política local. Nunca pleiteou cargo eletivo. Gostava mesmo era
do corpo a corpo, dos bastidores da política e da satisfação em eleger aqueles
que entendia serem os mais dignos de ocuparem os principais cargos municipais.
Nas eleições, frequentemente era convidado a subir nos palanques e declamar seus cordéis. Alguns deles continham críticas bem humoradas porém verdadeiras, enfocando candidatos adversários. O publico ria e aplaudia com entusiasmo. Costumava-se dizer na época que um verso do “Seu Inácio” tinha o poder de eleger ou derrubar qualquer candidato.
Nas eleições, frequentemente era convidado a subir nos palanques e declamar seus cordéis. Alguns deles continham críticas bem humoradas porém verdadeiras, enfocando candidatos adversários. O publico ria e aplaudia com entusiasmo. Costumava-se dizer na época que um verso do “Seu Inácio” tinha o poder de eleger ou derrubar qualquer candidato.
Faleceu em 02 de agosto de 1995 levando consigo sua obra, que era toda feita na oralidade. Naquela época não havia os recursos tecnológicos disponíveis hoje e o poeta se foi, deixando pouca coisa registrada, mas na memória de quem o conheceu, era evidente sua intimidade com os versos.
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