PATRÍCIA é jornalista e assina POETA. Eu sou ANGELA, Pedagoga e assino RAMALHO (o que não deixa de ter também a sua poesia). Fico pensando como seria divino assinar "Poeta" depois do nome. Até fiz uma poesia sobre isso! Esse blog é um espaço onde brinco com as palavras, fazendo aquilo que gosto. E o que eu gosto mesmo é de fazer poesias! Portanto, embora não seja PATRÍCIA, eu sou POETA!

sábado, 19 de outubro de 2013

VINICIUS: 100 ANOS



Ele pediu perdão as feias, mas nem assim deixou de ser amado por elas. Beleza é fundamental disse (criando polêmica), embora não representasse necessariamente o padrão de um homem belo. Tinha lá seus encantos. E como os tinha!

Poeta que cantou o amor em todas as suas formas, procurou (e achou) qualquer coisa de dança em suas musas, qualquer coisa de haute couture, mesmo naquelas que aparentemente eram tão iguais. Não! Havia algo que as tornava belas, um detalhe, um toque, um olhar de soslaio. 

Quem senão ele poderia contar o terceiro minuto da aurora e saber que cor produziria num rosto de mulher? 

Dono de um sentir além da pele, uma sensibilidade atroz, desnudada no olhar ávido e desejoso que ofuscava ao encontrar a musa perfeita, aquela que lhe renderia as melhores rimas. 

Tanto entendia de mulher que deixou-nos uma receita. Teve belas e feias, com nádegas (importantíssimas) e olhos maliciosos, mas dotados de certa inocência. 

Nas bocas, admirava o frescor de juventude. Os corpos magros (ou nem tanto), precisavam despertar-lhe a libido, principalmente quando despontavam ossos como os da rótula, revelados num simples cruzar de pernas. 

Admirava o molejo de uma cintura fina e era tão sensorial que descobriu a importância das saboneteiras femininas. Coisa para experts. 

Beleza era critério, mas admitia uma barriguinha (ou uma hipótese dela), na mulher amada. Alteada,comparou seus seios a uma expressão greco-romana, capazes de iluminar (no escuro)o equivalente a cinco velas.

Desejava que as coxas da mulher amada tivessem certo volume, que fossem lisinhas e cobertas de pelugem fina e suave, mas importava que reagissem quando acarinhadas em sentido contrário. 

Admirava odores naturais nas axilas. Gostava de pescoços longos e pés e mãos que lembrassem discretamente elementos góticos. 


Admitia nas suas musas pele fresca nas mãos, dorso e face, contanto que o resto ardesse a 37 graus centígrados! Fundamental mesmo era que ardessem e eventualmente queimassem na hora do amor.

Os olhos da mulher amada tinham que ser grandes e de rotação lenta,capazes de fazê-lo ultrapassar o muro invisível da paixão. 

A princípio, desejava as mulheres altas, mas não descartava as de menor estatura, cuja atitude mental chegasse aos píncaros de maior altitude.

Imprescindível que a mulher passasse a impressão de estar presente e ausente a um simples piscar de olhos. E quando ela surgisse, partisse ou emudecesse, deixasse pairar no ar o fel da dúvida. 

Por nada nesse mundo abriu mão da sua volubilidade. Foi além na poesia, na música, na vida.

Ninguém cantou tão bem a mulher quanto ele. Transformou-nos em feras, mas sem perder nossa graça de fêmeas, exalando sempre um perfume impossível. Fez-nos dançarinas do efêmero, imperfeitas e ainda assim, as mais perfeitas de toda a Criação. 

Esse foi Vinícius. Sobremodo pertinaz, poeta no mais alto grau! 

Era o que podemos chamar de Homem com H, mas além disso, tinha todo o alfabeto a seu dispor. E as palavras (como as mulheres) o obedeciam cegamente!

Cem anos completaria hoje. Cem anos de Vinicius e 33 anos sem o poetinha que nos deixou nos anos 80. Nos deixou é maneira de dizer. Poetas não morrem, tornam-se imortais. 

Como mulher e poeta, encerro assim esse ensaio sobre Vinícius: Sempre que uma mulher receber um galanteio de forma inteligente, uma cantada com elegância e maestria ou um olhar fulminante de paixão, haverá um Vinícius escondido nesse exemplar masculino (mesmo que este não cante ou faça poemas).












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