Escolhi o POEMA SOBRE O NADA de
MANOEL DE BARROS, para homenagear o poeta que
nos deixou mais órfãos da poesia nesse 13/11/2014, aos 97 anos.
Com esse texto o poeta - do nada - extraiu tudo. Ele que sabia
como ninguém compor versos sem pecado, embora eu (e tantos outros leitores)
admirávamos até (e principalmente) seus versos mais impregnados de pecados (se
é que ele os tinha).
Poeta que manifestou em sua biografia a vontade de “querer fazer
brinquedos com as palavras” e conseguiu! Aqui estou nessa manhã de sábado deleitando-me
com um de seus “brinquedos”. Nesse em especial, ele nos diz que “só a poesia é
verdadeira” diante de tantas maneiras “sérias” de não se dizer nada. Nesse ele
deseja que “nenhuma palavra fique desamparada do ser que a revelou” ou seja, não
devemos deixar nossas “crias” desprotegidas, uma vez que elas possuem o nosso
DNA, como bem disse certa vez Aline Romariz, (Presidente do Portal do Poeta
Brasileiro e da Academia de Letras que leva o mesmo nome).
Não satisfeito das profundezas do seu “nada”
esse Manoel que me inquieta e me deixa sem fôlego ao refletir sobre suas falas,
apresenta-nos mais um de seus desejos: “Quero a palavra que sirva na boca dos
passarinhos”. Confesso que nunca li algo mais sublime que isso!
E ele não precisou mesmo do fim para
chegar. Chegou antes (e bem antes) no topo da sua merecida gloria! Finaliza o
poeta dizendo: “Do lugar onde estou, já fui embora”. De onde podemos concluir
que ele não era mesmo desse tempo. Estava muito adiante.
Mas podemos concluir também que ele não
se foi, que nunca nos deixará, imortalizado na magnitude de sua palavra. Acredito
que o verbo usado por ele no tempo presente (“do lugar onde estou”) o manterá
entre nós, mesmo que a matéria se decomponha!
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