Angela Ramalho
A poesia ao longo dos anos teve seus movimentos conforme as influências
de cada época. Historicamente, costuma-se “enquadrar” o poeta dentro deste ou
daquele movimento, como se a poesia fosse “uma roupa que se vestisse” dessa ou
daquela forma. Assim, temos os poetas do Arcadismo, do Romantismo, do
Modernismo e de tantos outros “ismos” devidamente registrados no nosso amigo Google,
a quem queira se aprofundar numa pesquisa.
Já ouvi dizer que minha poesia é “moderna” e quando me vi assim “rotulada”
a sensação foi de ser mais uma. Até tu, Brutus???
Isso me fez parar para refletir. Quando pensamos no significado da
palavra “moderno” ela se aplica como nunca aos dias atuais. O “moderno” tem característica de vanguarda,
de estar à frente do seu tempo. No entanto, a poesia moderna, ou seja, aquela
ligada ao movimento modernista, no Brasil data de 1848.
Saber que não sou moderna, sob o ponto de vista da minha poesia não estar
enquadrada num determinado período, me deu certo alívio. Mas voltando a história
da poesia brasileira, classificam-se como modernas as poesias feitas a partir
de 1848, evoluindo até o século XIX e terminando com os vanguardistas do século
XX.
Depois deles vieram os expressionistas, futuristas, cubistas e
surrealistas. Então posso dizer que minha poesia é fruto do período pós-moderno,
que alguns estudiosos preferem chamar de contemporâneo.
Mas nenhuma poesia pode ser meramente contemporânea, porque simplesmente
ela não existiria, se não fossem as vanguardas históricas. Há que se beber da
fonte do conhecimento daqueles que nos antecederam e seguir adiante.
Entre esses períodos, suas classificações e sobre quais autores pertencem
a quais períodos, existem muitas controvérsias. Há quem afirme que o período moderno
na poesia brasileira não terminou com as vanguardas. Talvez tenha ido até a
década de 60 ou 70. E há quem defenda que ele prossegue até os dias de hoje. Então,
partindo dessa premissa, minha poesia já tem três rótulos: moderna, vanguardista,
contemporânea.
A rejeição a formas estabelecidas de compor é uma característica que eu
defendo naquilo que faço. Componho versos livres ou poema em prosa, mas ao mesmo
tempo passo horas compondo um soneto que requer métrica rigorosa. Que nome se
dê a isso não importa. Ou importa menos.
Importa-me saber o impacto que a poesia causa nas pessoas, seja ela minha
ou de qualquer outro autor. Importa-me saber que as crianças nas escolas leiam
e aprendam mais sobre poesia. Importa-me ainda, saber que a poesia sobrevive, independente
de como será lida ou classificada pela história.
Ouso afirmar que ainda veremos formas muito mais inusitadas, inventivas e
diversificadas de se escrever poesia. Penso ainda que os historiadores terão
trabalho para definir e classificar o período atual, da explosão da internet e
o uso de blogs, fanpages e o próprio perfil no Facebook como instrumentos de
difusão da literatura e consequentemente da poesia.
Essa época, que eu chamaria de “poesia cibernética” merece um capítulo à
parte nesse rol de movimentos pelos quais passou e passa a poesia brasileira.
Pois bem, partindo dessas reflexões, classifico minha poesia como: moderna, vanguardista,
contemporânea e cibernética. E como em todas as classificações, também sobre isso historicamente haverão controvérsias!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário!