PATRÍCIA é jornalista e assina POETA. Eu sou ANGELA, Pedagoga e assino RAMALHO (o que não deixa de ter também a sua poesia). Fico pensando como seria divino assinar "Poeta" depois do nome. Até fiz uma poesia sobre isso! Esse blog é um espaço onde brinco com as palavras, fazendo aquilo que gosto. E o que eu gosto mesmo é de fazer poesias! Portanto, embora não seja PATRÍCIA, eu sou POETA!

terça-feira, 16 de julho de 2013

VIRANDO A PÁGINA




VIRANDO A PÁGINA - Angela Ramalho


Eu gosto que as pessoas leiam meus livros, mas gosto mais ainda quando elas retornam, sinalizando que entenderam o que escrevi. E além de entenderem, elas riram, vivenciaram ou compartilharam algo de bom daquela leitura. Isso é ganhar o leitor. Eu digo isso enquanto escritora, mas percebo que isso acontece também quando um autor “me ganha” como leitora. Dou risada, me identifico com a obra, comento nas redes sociais e faço questão de retornar ao autor, parabenizando-o por aquele trabalho.

Costumo ler outros escritores e alguns me ganham (ou não). Eu imagino que todo escritor escreve para ser lido. Do contrário, não haveria razão de ser a sua escrita. Não acredito que as pessoas escrevam para desabafar, extravasar, numa tentativa de catarse em busca de equilíbrio. Se assim fosse, pagar um analista daria melhores resultados e menos trabalho.

Mas analisando certos escritores, chego a pensar que essa minha linha de raciocínio está errada. Não sei dizer exatamente o que acontece, mas percebo que certos escritores me dão a impressão de que não querem ser lidos. Escrevem coisas estapafúrdias, sem pé nem cabeça, coisas que você lê e pra começo de conversa, não consegue nem identificar o gênero: isso é uma poesia? Uma crônica? Um conto? Sabe-se lá.

Aí, para se considerar o tal, o cara cita lá no meio do texto um filósofo da moda, de preferência da esquerda (nem sei se a esquerda ta com essa bola toda...), mas é a deixa para o sujeito ser considerado intelectual e figurar nas revistas literárias cult como sendo a ultima bolacha do pacote.

Eu, movida da maior boa vontade, tento ler um texto do intelectual, cult, moderno e arrojado escritor. Tento uma vez, duas. Não, vou ler mais um pouco. O negócio é longo. Será uma crônica? Não. Isso aqui tá longe de ser um Humberto Werneck. Também não é conto. Nem poesia. Prosa poética? Cadê a poética? Não achei. E a prosa tá mixuruca. Desisto!

Não que eu queira ser “a inteligência pura” como diz o bordão da novela. Mas a leitura tem que me ganhar. Se não me convencer nas primeiras linhas, já era. Assim como as pessoas leem meus textos e entendem, eu procuro entender o que leio. Sou professora, trabalho interpretação de textos com meus alunos, mas saio de uma leitura dessas pensando: o que será que ele quis passar com isso? Que mensagem estaria aqui subjetivamente inserida? Tento achar nas frases grotescas alguma razão de ser. Chocar? Chamar a atenção? Ser diferente? Nenhuma dessas alternativas justifica o texto em questão. Mas está ali, para ser lido, como um troféu.

Dona do meu livre arbítrio, viro a página.






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