PATRÍCIA é jornalista e assina POETA. Eu sou ANGELA, Pedagoga e assino RAMALHO (o que não deixa de ter também a sua poesia). Fico pensando como seria divino assinar "Poeta" depois do nome. Até fiz uma poesia sobre isso! Esse blog é um espaço onde brinco com as palavras, fazendo aquilo que gosto. E o que eu gosto mesmo é de fazer poesias! Portanto, embora não seja PATRÍCIA, eu sou POETA!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

TURISMO OU ÔBA-ÔBA LITERÁRIO?

QUANTO VALE UM TROFEU???

Visitar locais que possuem algum vínculo com a história contada num livro ou com a vida de seus autores está na moda. O turismo literário tem início no momento em que pegamos um livro e mergulhamos na sua história. 

Locais como a casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro; o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo; a Casa-Museu Magdalena em Recife, onde morou por 40 anos o escritor Gilberto Freyre, autor da obra “Casa-Grande e Senzala”; o Museu Cora Coralina em Goiás e o Quarteirão Jorge Amado em Ilhéus são alguns pontos onde é forte o turismo cultural no Brasil. 

Paralelo a isso, existem as feiras e eventos literários realizados em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e demais capitais brasileiras. Bienais do Livro como as do Rio de Janeiro, São Paulo, Flipoços em Poços de Caldas e a Feira Literária Internacional de Paraty (RJ) são alguns exemplos de que se pode (e deve) aliar turismo e literatura. 

No entanto, vemos hoje as mídias sociais evidenciarem um tipo de “turismo literário” que foge completamente do sentido de turismo literário que enfocamos acima. São os “turismos literários” que satisfazem ao ego dos “Escritores Ôba-Ôba”. Aqueles que só querem saber de honrarias pagas a peso de ouro. 

Honrarias onde os “premiados” (escolhidos a dedo entre os de melhor poder aquisitivo) são convidados a passar um final de semana numa cidade turística, em hotel luxuoso, com direito a jantares nababescos e depois “em noite de gala” recebem seus troféus e certificados (digo “seus” no exato sentido da palavra, pois pagaram antecipadamente pelos mesmos). 

Raramente vejo essas pessoas preocupadas em questionar a poesia e a literatura hoje. Não as vejo discutindo artigos de interesse e não as vejo participando de concursos literários sérios, onde as inscrições são gratuitas e cujas obras são analisadas por jurados especialistas em literatura. 

A esse respeito, Aline Romariz, escritora, ativista cultural e Presidente da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, convidada por um estudante de Marketing a falar sobre esse tipo de “Turismo Literário” que está invadindo as mídias sociais, expôs seu ponto de vista dessa forma:

Infelizmente nos dias atuais os propósitos sérios estão expostos às críticas por conta de pessoas que vulgarizam e desvalorizam a arte poética e se preocupam muito mais com a decoração da festa, com o que vão servir para comer e com o que vestem. Procuram espaços suntuosos para a cerimônia, sem nenhuma preocupação em servir arte ou discutir os meios de propagá-la. Estão distribuindo prêmios à revelia, feito arroz em dia de festa. Um assunto delicado para minha posição. Como sempre digo: já vi muita gente passar por esses caminhos e desaparecer. O que me preocupa com esse desaparecimento é o desânimo do escritor, depois que compreende que tudo acabou com a festa. Eu vou ficando, fazendo meu trabalho como faço há mais de dez anos, sem vender prêmios, reunindo escritores e discutindo meios efetivos para conscientização e divulgação de nossa arte, primeiro em nossa “aldeia”, pois um trabalho consciente pode nos levar para outros cantos. Sou muito caseira e sempre opto pela simplicidade. Quero uma família, quero o trabalho de escritores que se valorizam e lutam em prol de uma coletividade cultural.”

Teco Seade, escritor, poeta e Diretor Cultural da mesma Academia, afirma: “É necessário que haja um cuidado especial e permanente com a disseminação da banalização e comercialização de prêmios e títulos”

Falo com propriedade sobre isso, pois já me deixei levar pela “máfia da premiação”, mas felizmente acordei a tempo de refletir e ver que não é por aí. 

Penso da seguinte forma: cada um é livre para gastar seu dinheiro com o que quiser e comprar quantos troféus quiser. Se isso satisfaz o seu ego enquanto escritor, vá em frente. Mas não existe prêmio maior ou melhor do que aquele conquistado por nossos próprios méritos! 


Angela Ramalho

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