A renúncia do Papa me fez refletir sobre o significado de renunciar. Só os muito corajosos renunciam. Renunciar muitas vezes significa reconhecer a nossa incapacidade e isso pouca gente faz. Eu, incapaz? Nosso orgulho nos impede de admitir tal coisa. E vamos ficando. Passamos um ano, dois e até mais tempo numa função ou cargo ao qual nos acostumamos, nos adequamos e mesmo que não estejamos numa zona de conforto, vamos ficando. Até quando?
Recentemente renunciei a algo que me fez bem durante certo tempo, mas que de uns anos para cá, não me fazia feliz. Então eu disse: não quero mais! Desisti de algo importante, uma experiência única na minha vida, mas que acabou. Acabou no momento em que eu renunciei, abdiquei, revoguei, abandonei o barco, não à deriva, mas a quem queira tomar o comando e continuar navegando. Pensei o seguinte: Até aqui eu fui. Daqui pra frente, quem souber ou puder que faça melhor!
Desistir daquilo que se gosta não é tarefa fácil. Felizmente, temos outros gostares, outros talentos e Deus generosamente nos guia nas decisões, desde as simples às mais complexas. Quando coloquei nas mãos de Deus essa decisão, recebi como resposta: O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre. (Salmos 121:8). E de fato Ele guardou a minha entrada e a minha saída. Gosto de testemunhar esses fatos, pois há quem não creia que Deus fala conosco. Há quem não entenda os sinais de Deus. E eu digo que Ele fala comigo e explico como. Para alguém há de servir meu testemunho de fé. Disso não tenho dúvida!
Por isso reafirmo que renunciar é para os fortes. Implica em se expor, em assumir uma postura de fragilidade, como quem diz: eu não fui capaz, eu não dei conta do recado. Mas fomos capazes e demos conta do recado pelo tempo que foi possível. Ninguém é definitivo em lugar algum. O que temos de certo é a morte. O resto, vamos tirando de letra! Há uma diferença muito grande em renunciar e cair. Muita gente diz: O Papa caiu. Caiu coisa nenhuma! Teria caído se o tivessem tirado à força, à revelia. Ele renunciou. Abdicou de suas funções. Não quer mais ser o comandante da Igreja Católica. O que o levou a isso? Só ele sabe. O resto são conjecturas, suposições, hipóteses, maledicências.
Aviso aos maledicentes que eu também não caí. Nem sei quando levei minha última queda. Só sei que foi grave. Três dias hospitalizada e alguns meses de fisioterapia. Pensando bem, se pudesse, teria renunciado a ela!
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