PATRÍCIA é jornalista e assina POETA. Eu sou ANGELA, Pedagoga e assino RAMALHO (o que não deixa de ter também a sua poesia). Fico pensando como seria divino assinar "Poeta" depois do nome. Até fiz uma poesia sobre isso! Esse blog é um espaço onde brinco com as palavras, fazendo aquilo que gosto. E o que eu gosto mesmo é de fazer poesias! Portanto, embora não seja PATRÍCIA, eu sou POETA!

domingo, 27 de janeiro de 2013

A POESIA É O PATINHO FEIO DA LITERATURA?



A POESIA É O PATINHO FEIO DA LITERATURA?

Por Angela Ramalho

Sou apaixonada por poesia e isso não é de hoje. Tenho dois livros publicados e já estou com o terceiro pronto, faltando apenas editar. Já me disseram que poesia não vende e eu não dei bola. Continuo amando poesia, escrevendo poesia, divulgando poesia e organizando livros de poesia. Sei que o gênero é pouco vendido e olhado com desdém por editores e livreiros. Algumas editoras nem aceitam receber originais para análise de livros de poesia, mas nada disso me afeta. 

A terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2011 coloca a poesia em sétimo lugar no ranking de preferência dos leitores.

Mas me parece que a poesia começou a respirar novos e bons ares, tanto de popularidade como de recepção dentro das editoras, haja vista a reedição das obras de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Mario Quintana. Nomes contemporâneos como Fabrício Corsaletti, Paulo Henriques Britto, Ana Martins Marques e Antonio Cicero despontam no cenário nacional. Ainda não descobriram uma tal de Angela Ramalho, mas isso é apenas uma questão de tempo (risos). 

Questiono porque a poesia - que para mim é absolutamente popular - ainda não ocupa lugar de destaque na literatura nacional? Porque ela não é tão lida como os contos e romances? Particularmente considero romances e contos bem mais difíceis de ler, demandam mais tempo e são raros os que mexem com a minha emoção, como faz a poesia. 

Talvez estejam faltando bons poetas. Pegar um papel e nele rabiscar algumas bobagens qualquer um faz. Daí a dizer que isso é poesia tem uma distância muito grande. Mas não se pode generalizar e dizer que ninguém presta. É preciso que os poetas contemporâneos sejam lidos, analisados, comparados e esse processo resultará na separação do joio e do trigo. 

Leandro Sarmatz, que cuida da reedição da obra de Drummond, manifesta-se otimista em relação ao espaço da poesia no mercado. “A poesia pode até ser considerada o ‘patinho feio’ em termos de divulgação e mercado, mas ela não está em maus lençóis. Se bem produzidos (como livro, como produto editorial), ou bem traduzidos, e bem trabalhados pelas próprias editoras, os livros contam com um público fiel e numeroso. Claro, é gênero de multidinhas, não de multidões. Mesmo assim, as vendas de bons livros de poesia são constantes, atravessam os anos.” 

Saber que não estamos em maus lençóis e que mesmo não sendo considerado “gênero de multidões” ganhamos cada vez mais espaços é animador. Recentemente foi fundada em Salto (SP) a ANLPPB – Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro (da qual faço parte), composta por poetas representantes da maioria dos estados da federação. Um dos objetivos da instituição é colocar a poesia no patamar de destaque que ela merece no cenário nacional e lutar pela valorização do poeta vivo, uma vez que a maioria dos poetas “consagrados” do grande público já se foram. Reconhecemos o valor dos imortais da poesia brasileira e sabemos que seus poemas serão sempre lembrados, de geração a geração. Todavia, precisamos observar com atenção o surgimento de novos poetas e dar-lhes o devido crédito. 

Outro fato que me faz acreditar na importância da poesia enquanto gênero literário e na consolidação do seu espaço no mercado editorial brasileiro foi o convite recebido pela Presidente da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro Aline Romariz e o Diretor Cultural da mesma instituição Teco Seade. Ambos serão homenageados na Feira Literária de Frankfurt 2013, o maior evento literário do mundo, realizado na Alemanha. O convite partiu da Agente Cultural da Embaixada Alemã no Brasil Nicole Witt que fundamentou a escolha dos dois poetas “pelos relevantes serviços prestados à Poesia Brasileira”

O patinho está deixando de ser feio. Talvez ainda não seja tão bonito quanto o bando de cisnes, mas não está mais sendo desdenhado por ser diferente. Permaneceu por longo tempo tristonho, suportou as zombarias e enfrentou sozinho o “frio do inverno”. Mas está prestes a dar a volta por cima. Não é à toa que as histórias de superação são as minhas preferidas!

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