PATRÍCIA é jornalista e assina POETA. Eu sou ANGELA, Pedagoga e assino RAMALHO (o que não deixa de ter também a sua poesia). Fico pensando como seria divino assinar "Poeta" depois do nome. Até fiz uma poesia sobre isso! Esse blog é um espaço onde brinco com as palavras, fazendo aquilo que gosto. E o que eu gosto mesmo é de fazer poesias! Portanto, embora não seja PATRÍCIA, eu sou POETA!

sábado, 17 de março de 2012

UM TCC QUE É D+



Mayara Singh Bezerra, que em 2008 era acadêmica do Curso de Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) do CESUMAR, para obtenção do Bacharelado na área, elaborou um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre o “Caderno de Cultura” (aspas minhas), mais conhecido como “D+”  do Jornal “O Diário do Norte do Paraná”.
O que Mayara fala em sua tese é o que os artistas e literatos maringaenses “sentem na pele” ou seja: o descaso e até poderíamos dizer certo “preconceito” sobre a cultura local.
Dá pena ver como a cultura é abordada nesse caderno e quem costumeiramente acessa este blog e teve oportunidade de ler a crônica de minha autoria “Caça a notícia”, postada em 12/02 (e os comentários a ela pertinentes), sabe do que estou falando. Isso prova que de 2008 para cá, nada mudou.
A ideia de como a cultura, de uma forma geral, é apresentada bem como a ideia que o editor do “D+” tem sobre cultura é algo lamentável.
A autora aponta o caráter reflexivo como uma regularidade do jornalismo cultural e cita a ausência de matérias desse porte no D+.  O caderno pratica a cultura do que é efêmero e/ou superficial.
Dentre todas as áreas analisadas, vou me ater à da literatura, pois é a que me atinge diretamente (a mim e aos escritores locais).  De 102 matérias analisadas, somente 12 eram sobre literatura (11,76% do total) e ainda assim, 6 eram oriundas de produção local e 6 produzidas por agências.
Jary Mércio o editor, justifica a ausência de literatura no Caderno D+ dizendo que “Maringá quase não tem livrarias nem escritores locais que publiquem por alguma editora” (grifo meu). Olha só, nós, escritores independentes, somos todos invisíveis! E a Academia Maringaense de Letras é composta de quem? Se a exigência para se fazer parte dessa instituição é o candidato à vaga ter livro impresso como autor (a), então eles são o quê?  
Ao final do artigo, na entrevista, o editor diz: "Aqui vocês não tem livraria na cidade". Vou  citar algumas: Espaço do Livro (Maringá Park), Livraria do Chain, Livraria Curitiba (Catuaí), Paulinas, Bom Livro (Herval), Livraria Maringá (Duque). Serve prá você, Jary? 
Mais uma pérola do editor do "Caderno de Cultura": "se na cidade tivesse pelo menos dois escritores, teria uma discussão, mas você não tem nenhum escritor que edita por alguma editora". Ai, ai, ai! Vou citar alguns, pois conheço muito mais que três escritores  em Maringá, começando por mim, Angela Ramalho, minha prima Miriam Ramalho, Marco Hruschka, Vera Margutti, A. A. de Assis, Arlene Lima (filha do grande poeta e escritor maringaense Ary de Lima), Reginaldo Benedito Dias, Olga Agulhon, Ulisses Maia, Antonio Roberto de Paula. Só de memória já citei 10 nomes e ainda faltam os demais membros da Academia de Letras (lembrei somente alguns nomes os quais tenho mais contato). Mas será que não temos mesmo material para debate? 
A autora fundamenta que “é impossível produzir cultura sem passar, em algum momento, pela literatura”. Isso porque sabemos que ela permeia em todas as manifestações artístico-culturais.
O mais grave a meu ver, em todo o artigo, é quando a autora descreve “um certo desprezo” revelado pelo editor sobre as produções locais. A forma como ele desqualifica a produção local de Artes Plásticas chega a ser revoltante, notadamente quando ele chama uma artista plástica que estava expondo em um shopping de "coitadinha" (leiam a entrevista dele no final do artigo!). A crônica que fiz nesse blog (Caça à noticia) revela nitidamente como ele desqualificou o prêmio literário que recebemos em Curitiba recentemente: eu, Marco Hruschka e Vera Margutti. E olha que tive que mandar um email ao Frank Silva, do contrário, ele não teria feito a reportagem!
Uma das suas alegações para a não realização de um Caderno de Cultura com mais qualidade é a falta de equipe, mas a análise desse TCC revela muito mais:
1.    Falta de equilíbrio nos temas abordados;
2.    O caderno peca por apresentar posturas que revelam incoerências dentro do jornalismo;
3.    Equívoco na cobertura pelo agendamento;
4.    Não é um caderno de cultura, quando muito seria de entretenimento;
5.    Produz matérias superficiais;
6.    Ausência de imparcialidade;
7.    Falta de respeito e valorização da cultura local;

A questão não é o tamanho da equipe, pois o Marcelo Bulgarelli fazia um trabalho de qualidade com equipe reduzida. O que falta, a meu ver é visão e competência. Visão para entender a cultura de forma ampla e competência para fazer o que tem que ser feito.
Uma das coisas que a autora deixa claro em seu artigo é que “a função do caderno é reportar as notícias relacionadas à cultura da cidade” e não priorizar matérias de agências de notícias. Nesse ponto, ela diz que a cobertura feita pelo D+ “beira à mediocridade”.
Termina dizendo que “é preciso formar jornalistas para que os mesmos possam informar e desempenhar sua função de formadores de opinião”.
Só posso concordar em gênero, número e grau com a autora. Se eu fosse avaliadora dessa banca, daria nota 10 à Mayara, com louvor!


Artigo (TCC) disponível em: http://www.cesumar.br/comunicacao/arquivos/tccjor2008/tccjor2008_mayara.pdf acesso em 17/03/2012


  



Um comentário:

  1. É lamentável...
    Realmente o caderno D+ poderia trazer mais informações pertinentes, úteis e que apoiassem as iniciativas culturais da cidade... mas... as propagandas dão mais lucro.

    Mas tenho certeza de que quando "explodirmos", Angela, nos procurarão para uma matéria! Ou, talvez nem assim...

    Parabéns pela crônica!

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