Não sou Patrícia mas sou Poeta
CRÔNICA DO DIA
By Angela Ramalho
Junho de 1981. Grávida de cinco meses, fui a um show do Roberto Carlos. Na hora marcada, eu e mamãe ocupamos nossos lugares na segunda fila. Antes de iniciar, duas senhoras nos pediram gentilmente que desocupássemos aqueles lugares, pois eram delas. Olhei no canhoto do meu ingresso o número da cadeira e da fila. Batia. O da minha mãe idem. As duas foram enfáticas: queremos sentar aqui!
Um dos organizadores foi chamado e concluiu que, por erro gráfico, foram vendidos dois bilhetes iguais. Olhei bem nos olhos dele e disse: Estou grávida, não posso passar nervoso. Ninguém me tira daqui! Meio a contragosto, as duas senhoras foram ajeitadas na fila seguinte, de onde nos olharam feio o tempo todo!
O show começou e entre uma música e outra, o Rei me olhou discretamente. Será que eu ví direito? Devo estar sonhando, pensei. Mas percebí que não era sonho, quando logo em seguida, ele cantou: “Eu vi a mulher preparando, outra pessoa, o tempo parou prá eu olhar para aquela barriga”. Nesse momento, “Ele” deu aquela tradicional viradinha de microfone e me apontou! Quase desmaiei de emoção! O ginásio inteiro me olhando e o Rei cantando “Força Estranha” prá mim!
Ao final do show, fui para perto do palco pegar uma rosa. Levei pisão de pé, empurrão e tudo o mais que tinha direito. Mas “Ele” veio bem pertinho, beijou a rosa vermelha e me deu! Ao abaixar a mão, outras dez mãos voaram na direção da “minha” rosa. “É minha!”, berrei loucamente, mas dela restaram poucas pétalas.
Chorando pela rosa perdida (grávida chora por tudo) o show acabou para mim. Hoje, passados trinta anos, continuo amando o Rei de paixão! Afinal, são tantas emoções!
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