“Ideologia, eu quero
uma pra viver” (Cazuza)
Há quem justifique seu voto fundamentado em
ideologias. Essa palavra tem vários significados, mas no senso comum ela deriva
de ideal. A pessoa, por um ideal, defende um conjunto de ideias, pensamentos,
doutrinas ou visões de mundo individuais ou coletivas, orientada por ações
sociais e/ou politicas.
Alguns autores criticam o termo, considerando-o
objeto de dominação, uma vez que a ação pressupõe convencimento, persuasão,
levando à alienação consciências humanas. Karl Marx associou o termo aos
sistemas políticos, morais e sociais ligados à classe dominante. Segundo ele, a
ideologia da classe dominante era manter os mais ricos no controle da
sociedade. Começou aí a “briga” entre pobres e ricos.
Já vimos, historicamente, ideologias de todos
os tipos. Tivemos a ideologia fascista, implantada na Itália e Alemanha, nas
décadas de 30 e 40; a ideologia comunista implantada na Rússia (e outros
países), que visava a implantação de um sistema de igualdade social; a
ideologia democrática surgida em Atenas, na Grécia Antiga, cujo ideal era a
participação dos cidadãos na vida política; a ideologia capitalista, surgida na
Europa, ligada à burguesia, visando o lucro e o acúmulo de riqueza; a ideologia
conservadora, que tem como máxima a manutenção de valores morais da sociedade;
a ideologia anarquista, defensora da liberdade e que prega a eliminação do
estado e das formas de controle de poder e a ideologia nacionalista, que exalta
e valoriza a cultura do país.
Existem ideologias políticas, religiosas,
econômicas e jurídicas.
Embora muitas sejam defendidas “com unhas e
dentes”, ideologias não possuem fundamentos científicos. Não existe uma
metodologia capaz de comprovar a exatidão dessas ideias. E o mundo foi
caminhando cercado de grupos defensores desta ou daquela ideologia. De um grupo
tentando convencer outro, surgiram as guerras e as barbáries de toda ordem.
Desde que o mundo é mundo existem confrontos
ideológicos e ideologias dominantes, ou seja, temos os grupos que detém a
hegemonia do poder e os grupos dominados subordinados a eles.
O que está havendo atualmente na política brasileira
reflete uma verdadeira “guerra” de ideologias. A eleição no Paraná e em muitos
estados brasileiros mostrou uma tendência à ideologia conservadora. A ligação
do partido que detém o poder com os países socialistas, a remessa de numerários
de caráter “sigiloso” enviados a esses países, gerando investimentos em obras
de infraestrutura (sendo que no Brasil há carência de investimentos nessas
áreas), a ligação estreita com Cuba, todas essas questões aliadas a uma corrupção
alarmante, fizeram vir à tona o caráter conservador de uma geração que quer o
país de volta. O recado dado nas urnas ao PT diz claramente o seguinte: não era
isso que esperávamos de vocês!
Marina Silva não foi carismática o suficiente
para emplacar um segundo turno e Dilma mais uma vez errou o alvo. Bateu sistematicamente
em Marina deixando Aécio livre. Se há uma coisa que mineiro sabe como ninguém é
“comer pelas beiradas”. Aécio tem carisma, experiência e como ele bem diz, “está
preparado”. Levou a melhor no primeiro turno e agora ameaça a hegemonia do
grupo dominante.
O grupo de Aécio é moderado e democrático, mas é
“rotulado” pelos partidos de esquerda como defensor da ideologia capitalista.
Ligam-no à burguesia, que visa o lucro e o acúmulo de riquezas.
Ora, vemos os grandes lideres dos partidos de
esquerda não somente no Brasil, como nos demais países socialistas, acumularem
riquezas de toda ordem. E onde é que fica a ideologia? Um de seus fundamentos
não é a igualdade social? Descaradamente roubam, roubam e roubam, para ficarem
cada vez mais ricos e aspirarem a uma condição social aonde? Pasmem: na classe
dominante! A burguesia que tanto condenaram é o fim almejado por todos. O “sonho
de consumo” da esquerda é a burguesia! E pode-se saber com que moral condenam a
elite burguesa?
E agora uma perguntinha básica: onde fica o
povo?
Volto ao início desse texto, exatamente na
parte mais polêmica em que alguns autores consideram o termo “ideologia” como
objeto de dominação, “uma vez que a ação pressupõe convencimento, persuasão,
levando à alienação consciências humanas”.
Nesse momento politico, as redes sociais estão
repletas de defensores da ideologia de esquerda. Realizam um verdadeiro
trabalho de “convencimento” tentando alienar os mais incautos. E se assim o
fazem, é porque já foram “catequizados”, dominados, persuadidos, alienados. Brigam,
lutam por um ideal no qual acreditam, mas não são capazes de enxergar o óbvio.
Um grupo pinta Aécio como o capeta. Por sua vez,
os “de direita” veem em Dilma a personificação do demônio. Até a eleição, vai
ser difícil transitar nas redes sociais. Eu, moderada convicta, que o diga! Já
andei excluindo alguns perfis e configurando o Facebook para não receber
atualizações de muitos petistas. Não quero guerra. Quero apenas manter meu
direito de cidadã livre, que escolhe pela sua ideologia.
A mim não cabe a letra de Cazuza: “ideologia,
eu quero uma pra viver”. Obrigada, eu já tenho!
Angela Ramalho
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