Ontem passei boa parte da tarde lendo Paulo Leminsk. Que delícia! Abasteci minha alma de poeta! Quanta inspiração, quanto sentimento! Verdades escancaradas em frases curtas, que nos fazem pensar quão grande era o seu talento, nessa tão difícil arte de escrever.
Esse paranaense de bigodão e cara de bravo, tinha em seu coração (parafraseando Drummond) “o sentimento do mundo”. Ousado, pichou poemas nos muros de Sampa. Não foi morto “a pau, a pedra, a fogo e a pique”, mas até hoje o “filhodaputa ainda faz chover em nosso piquenique”. Deixou-nos em 89, mas sua poesia vive, porque os poetas são eternos. Como pode morrer alguém que diz:
como de um
que ouvia a chuva
como quem assiste missa
como quem hesita, mestiça,
entre a pressa e a preguiça”
Vivo está entre nós, nos espreitando atrás da porta, com seus óculos redondos e sua curiosidade de criança.
setenta anos
então vai acabar
esta minha adolescência”
Não. Ainda ontem, em minha leitura, o vi adolescente. Fez-me rir de seus versos tresloucados, como a dizer: “aprende menina, a fazer poesia. Vocè ainda é nova. Anda, cria!
deixa no papel
esta poça de letras”
Poça que nos inunda de encantamento, cada vez que nos aprofundamos na sua poesia.
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno”
Fecho um outro caderno e o sinto aqui bem perto, tão terno!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário!